terça-feira, 11 de maio de 2010

Preciso de um relógio, de ponteiros, de ajuste;
Preciso de um cigarro mesmo sem saber fumar;
De alguma palavra de apoio;
Preciso de olhos, de ouvidos, de bocas;
Preciso me mostrar, preciso de críticas;
Preciso de você.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dialogo de chuva

Numa tarde de domingo cinzenta, onde tudo que se ouvia era o barulho vago das gotas de chuva e, o som estridente da sua consciência martelando aquela ausência, ele finalmente a reencontrou. Olhou para  ela num  gesto singelo, como quem enviasse numa mensagem subliminar um pedido para sentar naquele banco escuro e frio. Ela olhou, entendeu e sentou; Olhou para as flores do lugar, cheias de orvalho, olhou de lado, só pra saber se ele também olhava. E do impulso da retina veio a voz.

Ele - Dias chuvosos são os melhores.
Ela - O tempo ainda é a melhor fuga de assunto.
Ele - (...)
Ela - Mas que está fazendo um friozinho bom está.
Ele - O tempo ainda é o melhor remédio.
Ela - Está tudo bem?
Ele - Normal, tudo na mesma rotina... e você?
Ela - Normal também, como você andou?
Ele - Andei triste, e você?
Ela - Andei em pedaços. Voltei, juntei todos e estou aqui.

Ele a olhou fixo, sem palavras, um silêncio derradeiro e dilacerante tomou conta daquele banco. Fixos. Estáticos.  Na hora de dizer tudo,não disseram nada, nada além do menos doloroso.

Ele - Senti sua falta.
Ela - Eu também. 
Ele - Agora eu preciso ir. 
Ela - Quando você volta?
Ele - Não sei. 
Ela - Eu volto no próximo domingo cinzento. 
Ele - Vou estar aqui, desde o sábado. 

Sorriram brandos, eles sabiam que não voltariam, não havia sábado nem domingo. Havia inércia, desejo e medo.






sábado, 1 de maio de 2010

Vazio, é um vazio tão grande. É tão estranho se sentir assim, distante, diferente, não rir das coisas mais sutis e engraçadas, não gostar de certas musicas, ou pessoas, ver cor no desbotado. Me sinto um flagelo de tanto tentar esse auto entendimento. Um esboço. Uma caricatura, tentando se enquadrar.