terça-feira, 19 de outubro de 2010

O difícil não é levantar da queda meu bem. A dor maior é admitir que caiu e levantar, mesmo na dor da ferida exposta, o problema é ter que mostrá-la a todos e dizer – Cai! E eu sou exatamente assim, na surdina das coisas, calo. E melhor sentir só que mal acompanhado. Só Deus sabe que quando a gente divide, se apega demais aos fatos.  E fatos, são fatos.  Eu já vi gente chorar porque carrega uma fratura exposta e parece que ninguém vê – e se – vê finge, são as atrocidades da vida. Mas é assim mesmo, ninguém vive sem uma dor.  O problema é todos esperarem que a pilha da vida acabe. A solução, nunca vai acabar.
Pensando na vida, na velhice. Quero segurança, uma tela de pintura, uma cadeira de balanço numa varanda vazia, que vez ou outra, escuta o riso de criança nova ou os sussurros de namoro escondido. Quero sentar nessa cadeira e observar, um jardim. O meu jardim. Que um dia hei de ter. E ver as flores desabrocharem e falecerem. Olhar num espelho de bordas enferrujadas, meus cabelos cacheados que antes tão pretos, ficarem brancos. Cor de nada. Cor de experiência. Rugas. Cara serena. Aconselhar-te-ei. E antes de tudo meu bem, aquela cadeira. Aquela que tu compraste e eu embirei. Quero ouvir o rangido dela do meu lado até o fim.