sábado, 31 de julho de 2010

Observar as pessoas é um dos maiores prazeres que se pode exercer, quando você está só, (só num estado de espírito irremediável), então você passa a perceber as atitudes, os olhares, as palavras, os apaixonados, você se enxerga, é como sua vida projetada no dia-dia, um plagio dos estranhos. Ai você percebe que não é aquela pessoa especial, cheia de manias, que conta quadrados, morde a boca, estrala os dedos, que reconta os quadrados, pisa em linhas e tem mania de inventar histórias mirabolantes, você percebe que não ‘destoa’ da vida.

domingo, 25 de julho de 2010

Era um rapaz magro, amarelo de barba cerrada (não daquelas charmosas, e sim, daquelas que não se tem tempo e talvez até água para fazer todos os dias), estava parado numa calçada, lendo jornal, cabeça baixa, parecia que esperava alguém, algo, um ônibus, ou talvez, o amor da sua vida.


Do outro lado da rua vinha uma moça e um cachorro, uma moça pequena, de olhos escuros, e cabelos mais escuros ainda, não era linda, mas assim como o rapaz magro, não era de se jogar fora, vinha desajeitada, ela e seu cachorro em direção a um gramado, perto da calçada em que o rapaz magro se encontrava. Ela andava desajeitada, passeando com seu cachorro, tentando encontrar algo, alguém, um ônibus ou talvez o amor da sua vida.

Eles eram caçadores. Eram presas. E se aquela moça pequena tivesse atravessado o gramado, e se ela tivesse passeado na calçada, e se o cachorro tivesse corrido descontrolado, e tivesse ‘atracado’ a calça do rapaz, rasgando ela, podia ser que os dois tivessem finalmente encontrado o que tanto procuravam. Podia ser que eles tivessem ‘se encontrado’, mas não foi dessa vez. Não foi essa moça. Nem esse rapaz. O cachorro não foi o elo. O gramado não foi atravessado. A calçada estava vazia, só ele e o silêncio.

O rapaz atravessou a rua e foi-se embora, a moça pegou o cachorro e tomou o rumo contrário, os dois se foram. Para suas casas, para seus pseudo-amores, para suas vidas, suas rotinas, para seus vazios. E eles continuam procurando, algo, alguém, um ônibus ou até mesmo o amor.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cansada, me resumo nessa palavra, não fisicamente, sei lá, espiritual, mental, sentimental, al , al (...)

Essa rotina, essa coisa corriqueira, que está levando meu sorriso, pouco a pouco. Juro por Deus, já tentei de tudo, chá, abraço, palavra amiga, escrever, enfim a porra toda, e nada resolve, nada! Até baixei 'Smiths' e fiquei na maior nostalgia, sentindo falta de uma coisa que nunca ocupou em mim, - ‘please, please, please’. Na maior voz melancólica.
Não sei, acho que esse nó, essa coisa apertando meu ego, minhas mãos, meus neurônios, só vai passar quando chover, chover bem forte, um verdadeiro aguaceiro dentro de mim.

terça-feira, 20 de julho de 2010

''Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.''

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 6 de julho de 2010

'Cega, cega e cega' - exclamava aquela menina com a voz elevada

em frente ao espelho do banheiro.

- Será que você não enxerga o seu futuro?
Não vê que isso não vai, não pode, não deve acontecer. Acorde!
Tire seus olhos do avesso, a vida não é um carnaval, tampouco um funeral, mas
deve existir um meio termo, isso eu lhes asseguro. As coisas boas vem num tempo
sistemático. O acaso produz o encontro do destino.